17 de outubro de 2012

Um trem, algumas mochilas e a frente: o futuro



Os sinos do relógio da torre alta começaram a tocar. Ao longe já avistava pessoas seguindo em direção ao trem que já iria partir. Malas de todos os tamanhos e cores eram carregadas. Famílias conduzindo seus filhos a porta de entrada do trem, muitos com um semblante feliz, mas já com uma lágrima de saudade logo brotando no cantinho dos olhos.

A vinte passos de distância, eu os observava. Com minha calça preta, blusa de lã, meu sneaker amarelo de todos os dias e meu livro de cabeceira nos braços, olhei para o meu pai que segurava minhas malas e em seguida para minha mãe, que docemente colocava uma das mãos em um de meus ombros.

Ambos não sabiam o porquê de eu querer tanto entrar naquele trem e partir, mas eu sabia e tinha a convicção de que era melhor começar tudo do zero. Sem sombras do passado, alianças na gaveta, lugar que passe e recorde sorrisos dados e momentos que hoje não fazem mais sentido e principalmente um lugar novo que ninguém me conhecesse e dessem palpite sobre mim.

Em uma de minhas malas, a coisa mais valiosa que poderia carregar junto de mim se fazia presente. Um scrapbook com a foto dos meus pais, da minha melhor amiga e minha cadelinha Otton, as únicas pessoas que quero levar para onde eu pisar a planta dos meus pés.

A minha frente um trem com uma placa escrito futuro, que agora no presente eu deveria avançar, sem medo de enfrentá-lo. Peguei minhas mochilas e fui, não por opção, mas por necessidade. Fui em busca de mim, não para fugir, mas sim porque percebi que aqui não era mais o meu lugar.

Beijei meus pais, os abracei e fui em busca de um sentimento novo em um lugar novo, fui em busca de mim, em frente, sempre em frente, sem sombra do passado, sem rastros pelo chão. Sem olhar para trás. - Cristiane Moura


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